A ditadura militar foi o período da história do Brasil compreendido entre os anos de 1964, quando ocorre o golpe, e 1985, quando se encerra o mandato do último general-presidente, um ano depois do amplo movimento popular pelas “Diretas Já”.
Durante 21 anos, o Brasil foi governado pela alta cúpula das Forças Armadas e passou por momentos de repressão, especialmente no período conhecido como “Anos de Chumbo”, com a cassação de direitos políticos e individuais e perseguição a inimigos do regime.
O Golpe de 64, porém, não foi um episódio inesperado. O suicídio de Getúlio Vargas, em 24 de agosto de 1954, inviabiliza a primeira das várias tentativas de golpe ocorridas nos anos seguintes.
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Em 24 de agosto de 1954, Getúlio Vargas é encontrado morto em sua residência, no Palácio do Catete, com um tiro no coração. Ele deixa uma carta-testamento em que lamenta não ter podido fazer mais pelos necessitados, acusa seus inimigos de colocarem seus interesses acima dos interesses nacionais e termina afirmando que o povo dará a resposta para isso.
Populares no aeroporto Santos Dumont para acompanhar o embarque do corpo de Getúlio Vargas durante funeral.
Homem chora diante do caixão do presidente Getúlio Vargas, no Palácio do Catete, durante funeral.
Populares emocionados cercam o caixão do presidente Getúlio Vargas durante o funeral.
Quarto onde o presidente Getúlio Vargas se suicidou em 1954, no Palácio do Catete.
Pijama usado pelo Getúlio Vargas no dia que ele se matou, em 1954.
Revólver da marca Colt calibre 32 e munição utilizada por Getúlio Vargas em seu suicídio.
Trecho da carta-testamento deixada por Getúlio Vargas
Após a morte de Getúlio, assume o vice-presidente , político do Rio Grande do Norte, que se associaria aos golpistas para tentar impedir a posse de JK. Outro personagem central nessa época foi .
Após a Segunda Guerra Mundial, as duas grandes forças que se uniram para vencer Hitler acabam dividindo o mundo em dois grandes blocos: um capitalista, pró-Estados Unidos, e outro socialista, pró-União Soviética.
A Guerra da Coreia, que ocorre entre 1951 e 1953, é o primeiro conflito entre os blocos, cujo reflexo podemos perceber até hoje.
Tal polarização se reflete no Brasil em todas as esferas, mas especialmente na política. A oposição entre a UDN, União Democrática Nacional, que representava os interesses dos conservadores, e o PTB, Partido Trabalhista Brasileiro, que era seu opositor, pode ser entendida como parte desse momento.
Naquela época, o presidente e o vice-presidente podiam ser eleitos por chapas diferentes, o que era um fator bastante complicador, porque, às vezes, o vice se opunha ao próprio presidente.
Assim, não foi surpresa quando Café Filho, tão logo assumiu o governo, aliou-se à UDN, estimulando as forças golpistas. Com a vitória nas eleições de Juscelino Kubitschek e de seu vice, João Goulart, herdeiros políticos de Vargas, surge uma nova tentativa de golpe.
Carlos Lacerda
, então presidente do Senado, assumiu interinamente a presidência, conduzindo a transição para que e tomassem posse em janeiro de 1956.
Poucos dias após Juscelino assumir a presidência, mais especificamente em 10 de fevereiro de 1956, oficiais da Aeronáutica antigetulistas insatisfeitos com o resultado das eleições, e temendo represálias à atuação do quase golpe de novembro do ano anterior organizaram um quartel-general na base aérea de Jacareacanga, no Pará.
Essa revolta avançou alguns dias, a ponto de seus líderes controlarem diversas localidades próximas. No total foram 19 dias até o momento em que as tropas legalistas assumiram o controle. Apesar das recomendações para punir os envolvidos, JK os anistiou, bem como os golpistas de novembro do ano anterior.
No final do seu governo, em 2 de dezembro de 1959, ocorreu uma nova tentativa de golpe com a participação do líder da Revolta de Jacareacanga, porém, dessa vez, na cidade de Aragarças, Goiás.
O intuito era bombardear os palácios de Laranjeiras e do Catete, no Rio, além de ocupar algumas bases militares. A revolta, contudo, durou apenas algumas horas e seus líderes acabaram fugindo para os países da região, retornando para o Brasil apenas no governo de Jânio Quadros.
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Juscelino Kubitschek teve um jeito único de governar. Ele era conciliador e é, até hoje, admirado no cenário político brasileiro.
Durante o governo de Juscelino Kubitschek houve um crescimento econômico enorme. Teve o Plano de Metas, mas teve também, principalmente, a construção de : a nova capital do Brasil.
O Brasil, no período do governo de JK, viveu também um momento de grande pujança cultural. Em 1956, a editora José Olympio lançou o emblemático Grande Sertão Veredas, de Guimarães Rosa, com capa assinada pelo artista gráfico Poty Lazzarotto. A obra rapidamente tornou-se um marco literário no país, ganhando traduções em outros idiomas e versões para o cinema e TV.
Além disso, nessa época, o mundo passou a conhecer o gênero Bossa Nova. Em 1959, João Gilberto lançou seu primeiro álbum, Chega de Saudade, influenciando centenas de artistas desde então.
Nunca é demais lembrar também que, em 1958, o Brasil conquistou sua primeira Copa do Mundo, realizada na Suécia. O craque Pelé, então com apenas 17 anos, levantou a taça Jules Rimet e encantou torcedores do mundo todo.
Trecho da música “Presidente Bossa Nova”, de autoria de Juca Chaves, que teve como inspiração o presidente JK.
JK tinha muito prestígio, mas seu mandato estava terminando e, naquela época, não havia a possibilidade de reeleição. Sendo assim, JK apoiou a candidatura de Henrique Teixeira Lott, que acabaria enfrentando .
As eleições de 1960 não apenas deram vitória a Jânio Quadros, como colocaram novamente João Goulart no cargo da vice-presidência. Ambos representavam forças antagônicas: a UDN e Carlos Lacerda com Jânio Quadros e as forças progressistas com Jango.
A vitória de João Goulart como vice-presidente reconduziu ao poder um político reformista. Proprietário rural, ele estava longe de ser comunista, como dizia parte da oposição, mas contava com o apoio da esquerda.
1962: João Goulart segura a taça Jules Rimet ao lado do ponta-direita Garrincha e do meia-atacante Pelé.
1964: Di Cavalcanti, Adalgisa Nery, o presidente João Goulart, Jorge Amado e Octavio Malta.
1964: Dom Carmelo, o presidente João Goulart e Dom Hélder.
A expectativa de Carlos Lacerda era, de certa forma, controlar Jânio Quadros. Porém, aos poucos, fica claro que Jânio age de forma independente.
Trecho do texto da renúncia, escrito por Jânio Quadros
Poucos meses após assumir o poder, no dia 25 de agosto de 1961, Jânio renuncia ao cargo de presidente da República.
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Contrariando o que pareceria ser o mais óbvio, que seria retornar imediatamente ao país para assumir a presidência, Jango é obrigado a prolongar sua viagem passando por diversos países da Europa e entrando no país pelo Uruguai.
A solução paliativa para acalmar os ânimos durante a crise instaurada pela renúncia foi o parlamentarismo, sendo que o primeiro ministro nomeado foi .
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Em 7 de setembro de 1961, finalmente Jango toma posse. A proposta dos militares era prolongar o regime parlamentar colocando a proposta de realização de um plebiscito (Presidencialismo x Parlamentarismo) no final de seu governo. Porém, Jango acaba antecipando a votação e o resultado é a favor do presidencialismo.
João Goulart começa, então, a sofrer pressão não apenas dos políticos conservadores, mas da imprensa, da ala tradicional da Igreja Católica e de empresários. Aos poucos, ele passa a depender basicamente do apoio das forças de esquerda, como sindicalistas, estudantes da UNE e militares nacionalistas.
Outras pessoas que tiveram destaque durante esse período foram e .
O golpe de 31 de março de 1964 inaugura, portanto, a ditadura militar no Brasil. Ou será que foi no dia 1º de abril de 1964?
Conheça os principais atores desta aula.
Bacharel em Direito, chefiou o movimento revolucionário de 1930, assumindo o Governo Provisório de 1930 a 1934. Após a promulgação da nova constituição, é eleito presidente da República em julho de 1934. Seu governo foi de 1934 até 1945, quando foi deposto por um movimento militar. Ganha novamente as eleições em 1950, no entanto, em 1954, sua guarda pessoal se envolve no atentado a Carlos Lacerda e, ao se ver pressionado pelas Forças Armadas a renunciar ou ser deposto, se suicida com um tiro no coração, deixando uma carta-testamento em que atribuía a responsabilidade pelo seu suicídio aos inimigos da nação.
Foi um dos articuladores da Aliança Nacional Libertadora (ANL), em 1935, que pretendia mobilizar as massas na luta contra o imperialismo e o latifúndio. Foi eleito vereador pela União Democrática Nacional (UDN) em 1947 e atuou fortemente como jornalista, fundando o jornal Tribuna da Imprensa, que fazia oposição direta às forças políticas do governo de Getúlio Vargas. Após sofrer um atentado na porta de sua casa, lançou um editorial que incentivava as Forças Armadas a exigirem a renúncia de Getúlio Vargas, o que se intensificou com a confirmação do envolvimento da guarda pessoal do presidente e culminou no suicídio de Getúlio Vargas. Sua posição de resistência ao governo, desde então, resultou na solicitação de asilo na embaixada de Cuba, o que foi o começo de uma série de mudanças: Cuba, Estados Unidos e Portugal. Retorna ao Brasil em 1956, reassume suas atividades e, em 1960, toma posse como primeiro governador do estado da Guanabara, recém-criado e se afasta ao final de 1965, após várias divergências do governo. Com a promulgação do Ato Institucional nº 5, (AI-5), Lacerda é preso e solto após uma semana em greve de fome, mas tem seus direitos políticos suspensos por 10 anos. Encerra sua carreira como enviado especial, empresário e editor, falecendo em 1977.
João Café Filho iniciou sua carreira no jornalismo, atuando em jornais do Rio Grande do Norte, Recife e Rio de Janeiro. Foi eleito deputado federal pelo Rio Grande do Norte em 1935 e participante da Assembleia Nacional Constituinte em 1946. Obteve a vice-presidência do governo de Getúlio Vargas em 1950. Rompeu com o governo após o presidente manter a posição de permanecer no cargo, mesmo com a comprovação do envolvimento de sua guarda pessoal no atentado a Carlos Lacerda. Após o suicídio de Vargas, Café Filho assume a presidência e se afasta em 1955, por conta de problemas de saúde. Trabalhou como ministro do Tribunal de Contas do Estado da Guanabara com Carlos Lacerda, até se aposentar em 1969. Faleceu no Rio de Janeiro em 1970.
Bacharel em direito, iniciou sua carreira no jornalismo, atuando fortemente na política. Fundador e primeiro presidente do Partido Liberal Catarinense, da Faculdade de Direito de Santa Catarina e um dos 26 deputados integrantes da Comissão Constitucional, em 1933. Em 1951 foi eleito Presidente da Câmara dos deputados, e em 1955, vice-presidente do Senado, cargos que o colocaram como segundo na linha de sucessão do Presidente da República. Assume a presidência com o impedimento de Café Filho pelo congresso e a passa a Juscelino Kubitschek, em 1956 e se torna seu Ministro da Justiça. Responsável pela repressão de manifestações populares contra o aumento das tarifas dos bondes e pelo cerco à sede da União Nacional dos Estudantes (UNE). Pede exoneração em 1957 e reassume sua cadeira no Senado até falecer em 1958, vítima de um desastre aéreo.
Iniciou sua carreira como médico da Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte, integrando posteriormente, o corpo de médicos do Hospital Militar da Força Pública de Minas Gerais. Foi convidado a exercer a chefia do gabinete civil do interventor federal, nomeado por Getúlio Vargas, o que representou o início de sua carreira política, e que o levou a ser eleito, para diversos cargos, como prefeito, governador, até chegar à presidência, em 1956, com a promessa de transferir a capital do país para o Planalto Central, o que aconteceu em abril de 1960, com a inauguração de Brasília, seu maior legado. Em 1961, transmite o poder a Jânio Quadros e, em 1964, tem seu mandato cassado e seus direitos suspensos por 10 anos, o que o faz exilar-se e somente retornar definitivamente ao país em 1967. Abandona o cenário político em 1968 e falece em 1976.
O início do projeto aconteceu em 1956, no governo de Juscelino Kubitschek. O projeto urbanístico é de Lúcio Costa e representa a forma de uma cruz, que por ser levemente inclinada, se parecia com um avião: o corpo do avião, conhecido como eixo Monumental, abriga os prédios públicos e o palácio do Governo Federal, e as asas, abrigam áreas residenciais. A construção dos monumentos ficou a encargo de Oscar Niemeyer, os jardins e praças foram projetados pelo paisagista Burle Marx, e os painéis de azulejos por Athos Bulcão. Em 1987, Brasília foi considerada Patrimônio cultural da Humanidade.
Desde pequeno recebeu o apelido de Jango, que o acompanhou em sua vida pública. Foi introduzido na política por Getúlio Vargas. Atuou em vários cargos, mas seu prestígio e imagem de grande líder de massas só se deu a partir de sua nomeação para o Ministério do Trabalho, cargo que assumiu em 1953 e que incluía o controle da política sindical em geral. Atuou como vice-presidente nos governos de JK e Jânio Quadros, entretanto as opções políticas deste último, o levaram a constatar que um bom relacionamento com o presidente seria impossível. Com a renúncia de Jânio Quadros, Jango que estava no exterior, retorna para assumir a presidência, que é ameaçada por um pedido de impedimento de posse. Finalmente, assume o cargo em setembro de 1961. Em seu governo precisou lidar com vários problemas, entre eles, os pagamentos ao FMI, que, sem apoio do centro e da esquerda se tornaram críticos. Em 1964, Jango pede asilo ao Uruguai e deixa o país, pois entende que manter o governo poderia ocasionar uma guerra civil. Não retorna mais à vida política até seu falecimento, em 1976.
Esteve envolvido na destituição do presidente Getúlio Vargas em 1945 e ocupou o Ministério da Guerra no governo de Café Filho, após o suicídio de Vargas, para afastar a influência de seus admiradores. Durante a internação do presidente Café Filho, Lott coloca seu cargo à disposição de Carlos Luz, presidente da Câmara dos Deputados e substituto legal do presidente, por divergências na conduta em relação à punição do Coronel Mamede. Atuou em movimento militar que declarou o impedimento de Carlos Luz e a entrega da presidência a Nereu Ramos.
Formado em Direito, iniciou sua carreira como suplente na Câmara Municipal de São Paulo, após a suspensão do registro do Partido Comunista Brasileiro (PCB). Seu trabalho o projetou para a vida política paulista e o fez ser eleito deputado estadual em 1950.
Sua principal bandeira era a moralização do serviço público, representada em campanha por uma vassoura. Aos 36 anos assumiu a prefeitura de São Paulo, promovendo demissões em massa. Em 1955 foi eleito governador do Estado de São Paulo. Em 1959, sua candidatura à presidência foi lançada e em 1960 ele foi eleito tendo João Goulart (Jango) como vice. Em 1961, em meio a uma grave crise política, Jânio Quadros renuncia à presidência que fica a encargo de Jango, até março de 1964. Ainda se candidata a outros cargos, sendo que sua última atuação política foi como prefeito de São Paulo, até 1989. Faleceu em 1992, com problemas de saúde.
Advogado, iniciou sua carreira como vereador em São João Del Rei (MG). Foi filiado a vários partidos, entre eles, o Partido Social Democrático (PSD), pelo qual foi eleito deputado federal em 1950. Assumiu o Ministério da Justiça em 1953, em meio ao atentado contra Carlos Lacerda. Após o suicídio de Getúlio Vargas, se posiciona contra o governo de João Café Filho. Em 1982 se filiou ao Movimento Democrático Brasileiro (MDB), onde se reelegeu como deputado federal por três mandatos consecutivos. Participou ativamente de todas as manifestações pelas Diretas Já, movimento que pregava as eleições diretas para presidente. Foi eleito, tendo como vice José Sarney. Um dia antes da posse, Tancredo é submetido a uma cirurgia de emergência e José Sarney toma posse. Após sete cirurgias, Tancredo Neves falece, em 1985.
Político, exerceu os cargos de secretário das Finanças do município de São Paulo em 1953 e de Secretário da Fazenda do governo de São Paulo, enquanto Jânio Quadros foi governador. Foi eleito governador do estado de São Paulo de 1959 a 1963. Atuou como ministro da Fazenda em 1963 e como senador da República por São Paulo, de 1966 a 1974.
Político, atuou como deputado federal em 1954 e 1962, Prefeito de Porto Alegre em 1955, Governador do Rio Grande do Sul em 1958 pelo PTB. Em seu mandato iniciou o processo de reforma agrária no estado. Chefiou o movimento a favor de João Goulart (1961). Teve seu mandato cassado e seus direitos políticos suspensos durante o movimento de 1964. Foi exilado no Uruguai e Portugal. Recebeu anistia e retornou ao Brasil em 1979. Fundou o PDT. Atuou como Governador do Rio de Janeiro em 1982 e em 1990.
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